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Bate-papo com a banda BIKE

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Bati um papo rápido com a banda BIKE sobre psicodelia, processo criativo, influências e, claro, sobre o impecável álbum 1943, que foi masterizado por Rob Grant (Tame Impala, Pond).
 

Leia o trecho do diário do Dr. Albert Hoffman:


“1.5 – Auto-experiência
4/19/43 16:20: 0,5 cc de ½ solução aquosa de promil tartarato de diethylamide oralmente = 0,25 mg. de tartarato. Tomado diluído com aproximadamente 10 cc. de água. Insípido.
17:00: Começando uma vertigem, sentimento de ansiedade, de distorções visuais, sintomas de paralisia, desejo de rir.
Suplemento de 4/21: Fui para Casa através de bicicleta. Das 18:00 às 20:00 crise mais severa. (Veja relatório especial).

Aqui cessam as notas do meu diário de laboratório. Eu só pude escrever as últimas palavras com um grande esforço. Agora já estava claro para mim que o LSD tinha sido a causa da notável experiência da sexta-feira prévia, pelas percepções alteradas que eram do mesmo tipo de antes só que com uma intensidade muito maior. Eu tive que lutar para falar de forma inteligível. Eu pedi para meu assistente de laboratório, que estava ciente da minha auto-experiência, que me acompanhasse até minha casa.
Nós fomos de bicicleta, nenhum automóvel estava disponível por causa das restrições de seu uso durante a guerra. Uma vez em casa, minha condição começou a assumir formas ameaçadoras. Tudo em meu campo de visão oscilava e estava distorcido como se visto num espelho torto. Eu também tive a sensação de estar impossibilitado de sair do lugar. Não obstante, meu assistente me falou depois que nós tínhamos viajado muito rapidamente. Felizmente nós chegamos em casa são e salvos e eu fui capaz de pedir para meu companheiro chamar nosso médico de família e mesmo pedir leite aos vizinhos.
Apesar da minha condição delirante, confusa, eu tive breves períodos de pensamento claro e efetivo e escolhi leite como um antídoto não específico para o envenenamento.

 

Boombop: O que é psicodelia pra vocês e como vocês se relacionam com ela? Como reflete nessa sua nova fase musical com a banda Bike?

Bike: Pra nós a psicodelia representa a revelação de sensações íntimas e de autoconhecimento, que às vezes, nem sabemos que existem, mas estão ali. Normalmente essas sensações são causadas por consumo de alguma substância lisérgica, exposição a música e imagens que nos “hipnotizam” e nos colocam em transe ou mesmo com meditação.
Ela reflete nas letras e na sonoridade, a Bike tenta alcançar esse estado com a música, usando repetição e timbres que nos tiram de onde estamos fisicamente e nos levam para outra dimensão.

Boombop: Como surgiu a ideia de montar a Bike? Como foi o processo criativo do disco, gravação, etc? Quais são as principais influências (musicais ou não) de vocês?

Bike: Depois de anos tocando baixo no The Vain e Sin Ayuda resolvi tocar guitarra e compus as músicas que formam o “1943”.No início as letras eram em inglês, mas no meio do caminho o português dominou. No ano passado o Diego e eu fizemos a pré-produção, onde tocamos todos os instrumentos e serviu como base para o disco. No começo de 2015 convidei o Rafa e o Gustavo para gravarem baixo e bateria, depois gravamos as guitarras e vozes e convidei outros amigos pra pequenas participações, o Fabinho (guitarrista do The Vain) participou em “A vida é uma raposa”, o Véio (The Vain) gravou todas os órgãos e sintetizadores, o Kayapy (Macaco Bong) gravou um slide guitar em L.S.D e o Diogo Maia acordeom em A filha do Sol. A masterização do disco ficou por conta do Rob Grant em Perth – Austrália, ele gravou, mixou e masterizou a maioria das bandas da Nova Psicodelia na Austrália e achei que ele entenderia o que queríamos, ele acabou nos auxiliando na mixagem e chegamos num resultado que nos agradou.
As principais referencias musicais são o Piper at the Gates of Dawn do Pink Floyd e “Ou não” do Walter Franco, além de bandas novas como Pond, Gum, My Magical Glowing Lens, Connan Mockasin, Hierofante Púrpura e outras nem tão novas como The Beatles, Brian Jonestown Massacre, Grateful Dead, Mutantes.
Nas letras as referências vem das teorias dos Deuses Astronautas, a cosmologia do Carl Sagan e minhas histórias e experiências proporcionada pela grande descoberta do Doutor Albert Hoffmann.

Boombop: Conte um pouco sobre a capa maravilhosa. De quem é o projeto gráfico? Qual a ideia dela?

Bike: Conheci por acaso o trabalho da Karolina Daria Flora, vi uma foto dela no site It’s a Psychedelic Baby Magazine. Quando terminamos o disco procurei o contato dela, enviei o disco e pedi autorização pra usar a foto, ela foi super atenciosa, ela ama o Brasil, morou um tempo em Alto Paraíso e achou incrível uma foto dela estampar a capa de um disco no Brasil, assim que ela liberou as imagens o Rafa (baixista) montou o projeto. A imagem por si é maravilhosa, todos os desenhos são bordados com uma técnica mexicana de um povo chamado Huichol e as imagens psicodélicas dão um colorido a mais, ilustrando a ideia da viagem à qual o disco pretende te levar, uma viagem surreal e colorida.

 

A banda também comentou três faixas do disco:

Filha do Sol – Em uma virada de ano em Paraty – RJ, um amigo tomou muito cogumelo e ficou por dias achando que tudo que ele falava ecoava, ele sempre repetia a palavra Sol, mas o eco era ele mesmo quem fazia, Sol Sol Sol Sol, baseado nisso compus a música toda em G (Sol maior) e o refrão é uma repetição da palavra Sol pra não esquecer dessa viagem, a principio a música se chamava Sol, mudei para “Filha do Sol” em homenagem a Karolina Daria Flora que fez a foto da capa e faz parte de uma organização chamada “Daughter of the Sun”, além disso tem a participação do meu Guru espiritual tocando acordeon durante quase toda a música.
*

Luz, Som e Dimensão – O nome da música sintetiza as sensações do LSD, a letra é um mantra que tem a intenção de te guiar a sua glândula pineal e a parte instrumental é como uma viagem de ácido, onde começa calmo com um dedilhado pra mergulhar na viagem, se transforma com acordes mais fortes no meio e acaba com distorções que é o final da viagem, pra pular fora sem ter uma bad trip. O Bruno Kayapy do Macaco Bong gravou um slide guitar que deu uma profundidade maior a música.

*

Enigma do Dente Falso – O título da música veio de uma viagem com um amigo, onde ele encanou que meu dente estava caindo e passou dias me chamando de “dente”.
Foi a primeira música composta pro disco e é uma repetição de 4 acordes do começo ao fim com entrada e saída de alguns elementos, incluindo uns tambores para abrir os caminhos e quebrar as demandas. A letra é uma junção de frases que eu tinha anotado em diversos cadernos e tem uma pequena menção a música “Forever Dolphin Love” do Connan Mockasin.

Ouça o disco inteiro! Tá demais:

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